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Foto do escritorFábio da Costa Azevedo

Empresas familiares: Comece pelo começo!

Segundo as estatísticas e informações disponíveis no Brasil, mais de 80% do número total de pessoas jurídicas do país são consideradas empresas familiares. Empresas estas geralmente constituídas sob o árduo trabalho de um membro da família, fundador do negócio, extremamente competente, talentoso e dono de um dom extraordinário e incomum, que soube criar e desenvolver um negócio próprio para resolver uma necessidade sua ou até mesmo de sua família.

No entanto, apesar do alto percentual de pessoas jurídica identificadas como empresas familiares, as estatísticas também não escondem o elevado grau de complexidade que envolve os negócios dessas empresas, uma vez que menos de 30% delas passam da primeira para a segunda geração e apenas 13% da segunda para a terceira.

Então, qual seria o segredo ou os pontos-chaves necessários para que uma empresa familiar alcance a longevidade e o sucesso por mais de uma geração?

Longe da pretensão de querer responder essa pergunta, até porque não existe uma resposta única para ela, entendemos que para uma boa implantação de gestão mais estratégica e eficiente em empresas familiares é necessário, de fato, começar pelo começo.

Isto porque, segundo as estatísticas divulgadas, 80% das empresas familiares que fecham tem como causa a crise familiar. Outros 20% daquelas que encerram suas atividades, o fazem por outros motivos que não a briga de família.

Portanto, a proposta de começar pelo começo, significa organizar o funcionamento dessa “casa”, ou seja, combinar as regras do jogo, definir os papeis e responsabilidades de cada um, alinhando as expectativas dos interessados e definindo os fóruns próprios para que ocorram as necessárias trocas de ideias e discussões sobre os rumos do negócio.

Na grande maioria das empresas familiares que ainda não alcançaram certo grau de amadurecimento em sua gestão, encontramos uma verdadeira confusão de papeis, uma vez que as figuras dos sócios (ou proprietários), gestores (ou administradores) e familiares, concentram-se fortemente na mesma ou nas mesmas pessoas.

É assim que, quando a empresa familiar começa a se desenvolver e se tornar cada vez mais competitiva e valiosa, o almoço de domingo passa a ser uma reunião estendida do trabalho. E aí, dentro da família, há quem trabalha e quem não trabalha na empresa. Mesmo assim, todos começam a palpitar e se envolver. O Ambiente começa a ser tenso e com conflitos a resolver. Tensão entre irmãos, tensão entre pais e filhos e tensão também entre a família e os gestores do negócio. Tudo ali colocado inoportunamente naquela mesma mesa de almoço, nos encontros de família e até durante as férias.

Assim, começar pelo começo e organizar aquela “casa”, nada mais significa que definir algumas regras importantes para separar as áreas envolvidas, preservando a gestão da empresa e ao mesmo tempo o ambiente familiar. É recomendável utilizar-se das melhores práticas de governança corporativa para gerir corretamente cada uma das esferas envolvidas no negócio: propriedade, gestão e família.





Através da criação dos protocolos de família e do conselho familiar é possível, por exemplo, definir alguns combinados sobre a preservação da identidade e da cultura da família, bem como da destinação de seu patrimônio. Ou seja, pela “governança da família”, questões ligadas ao plano de sucessão patrimonial, formação das futuras gerações, regime de casamento dos sucessores, regras para utilização dos bens e serviços da empresa podem e devem ser alinhadas, preservando-se o núcleo familiar.

Por meio da “governança da propriedade”, é possível através da celebração do acordo de sócios definir algumas regras importantes para garantir estabilidade e perenidade à empresa, disciplinando questões relevantes para a sociedade, tais como, compra e venda de quotas, saída de sócios, política de divisão de lucros, de investimento e liquidez, contratação entre partes interessadas e o protocolo para resolução de conflitos.

Por fim, através da “governança da gestão”, devem ser definidas as regras para o direcionamento da empresa e operação de suas atividades, como é o caso, por exemplo, da criação de um conselho consultivo ou de administração, profissionalização da diretoria executiva, implantação de órgãos e comitês de apoio, controle, fiscalização, compliance, etc

Se através do sonho, do suor, dos talentos, habilidades e competências do sócio fundador foi possível à empresa familiar crescer e se desenvolver, é por meio das boas práticas de governança corporativa que se pavimenta o caminho mais seguro para que ela realmente se transforme em um ótimo negócio de família.

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